Técnicos em enfermagem ocupam 2º lugar no ranking de acidentes de trabalho em MS

MPT e Justiça do Trabalho vêm revertendo recursos de indenizações trabalhistas para a compra de equipamentos de proteção individual

14/04/2020 - Em tempos de pandemia e escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), é preocupante o levantamento que aponta que os técnicos em enfermagem estão entre as ocupações com mais acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul - 412 registrados no ano passado. De acordo com dados da Comunicação de Acidente de Trabalho (Concat), da Previdência Social, a ocupação ficou atrás apenas dos alimentadores de linha de produção, que somaram 544 acidentes em 2019.

O Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) explica que o alto número de acidentes está diretamente associado ao esgotamento físico dos profissionais e à baixa remuneração. "Para manter um ganho mensal satisfatório, eles acumulam dois ou três empregos, sendo que a jornada por si só já é bastante exaustiva, tendo em vista o excesso de trabalho e o volume de pacientes nos hospitais", afirma Sebastian Rojas, diretor financeiro do sindicato.

Sebastian ainda esclarece que a maioria dos acidentes ocorre com materiais perfurocortantes, devido ao cansaço, redução da atenção e acúmulo de sono. Também são frequentes os afastamentos por doenças ocupacionais na esfera psiquiátrica, motivados por depressão, estresse e síndrome de Burnout.

Linha de frente

Para proteger quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus e diante da dificuldade em encontrar máscaras no mercado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Justiça do Trabalho vêm revertendo recursos de indenizações trabalhistas para a compra de EPIs destinados aos profissionais de saúde dos hospitais públicos de Mato Grosso do Sul.

Nesta semana, foi entregue a primeira parte dos materiais adquiridos com valores repassados pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional Getrin-24, formado por diversas instituições, entre elas o MPT. Cerca de R$ 35 mil foram transferidos ao Siems para compra de equipamentos de proteção. Esses produtos serão doados para instituições que enviaram o plano de contingência ao sindicato e devem atender os municípios de Paranaíba, Corumbá, Aquidauana, Jardim, Maracaju, Amambai, Caarapó e Itaquiraí.

Foram adquiridos 400 máscaras PFF2, 100 protetores faciais, 150 óculos e insumo para confecção de avental e de máscaras do tipo cirúrgicas. O sindicato ainda aguarda a chegada de mais materiais, como tecido TNT com gramatura acima de 80, para produção dos EPIs. Esta é apenas uma das destinações liberadas pela Justiça do Trabalho.

Em complemento, a vice-presidente do Siems, Helena Delgado, explica que a medida tem um efeito ainda mais amplo. "Em articulação com o Getrin-24, avaliamos que auxiliar a categoria da enfermagem é prevenir não apenas os profissionais, mas toda a sociedade que conta com o atendimento desses trabalhadores", pontua.

É tempo de agradecer

Este ano, por conta da pandemia, as atividades presenciais do Movimento Abril Verde foram canceladas em razão das recomendações de distanciamento social e estão sendo realizadas de modo virtual. Algumas ações do MPT e da Justiça do Trabalho visam agradecer aos profissionais que seguem trabalhando presencialmente para evitar que acidentes de trabalho, contaminações em massa e outras tragédias aconteçam.

O objetivo da mobilização é chamar atenção para a importância de prevenir os acidentes de trabalho, que no Brasil são registrados a cada 49 segundos de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho do MPT.

Em 2019, foram registrados 7.854 acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul com 33 mortes. No ano anterior, foram 8.337 casos com 32 óbitos, o que representa uma queda de quase 6% no total de acidentes.

Campo Grande está no topo do ranking de acidentes fatais. Foram sete óbitos em 2019, sendo que em 2018 a capital tinha registrado somente dois casos. Em seguida aparece Dourados e Três Lagoas com quatro mortes cada. Caracol registrou dois óbitos. Amambai, Aquidauana, Batayporã, Brasilândia, Chapadão do Sul, Dois Irmãos do Buriti, Eldorado, Fátima do Sul, Inocência, Itaquiraí, Jardim, Naviraí, Nioaque, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Tacuru registraram um acidente fatal no ano passado.

A capital também concentra a maior parte dos acidentes de trabalho (38%), com 3.037 casos notificados em 2019. Na sequência, está Dourados (858 acidentes), Três Lagoas (485 acidentes), São Gabriel do Oeste (197 acidentes) e Corumbá (168 acidentes).

Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que dois milhões de pessoas morrem no mundo, a cada ano, por doenças resultantes das atividades desempenhadas no trabalho, as chamadas doenças ocupacionais, e mais de 320 mil sofrem acidentes de trabalho fatais. Ou seja, pelo menos um trabalhador morre a cada 15 segundos por causas relacionadas ao labor no mundo.

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região
Informações: (67) 3316-1795
www.trt24.jus.br

Tags: Ministério Público do Trabalho, saúde e segurança, proteção dos trabalhadores, COVID19, COVID-19, Pandemia

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