Impactos de agrotóxicos foram tema de seminário em Campo Grande

Em MS, cada pessoa consome cerca de 40 litros de agrotóxicos. O consumo por habitante no Brasil é de cerca de 7 litros de agrotóxicos por ano

18/08/2015 - Cada morador do Mato Grosso do Sul consome em média 40 litros de agrotóxicos por ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentados na segunda-feira, 17 de agosto, durante o seminário Impactos dos Agrotóxicos na Sociedade, promovido pela Assembleia Legislativa.

O consumo por habitante no Brasil é de cerca de 7 litros por ano, quantidade bem abaixo do consumo específico no Estado, mas ainda sim preocupante, pois o país é o que mais usa agrotóxicos no mundo. “O alto uso em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso já foi capaz de contaminar todas as nascentes da Bacia do Rio Paraguai, ou seja, todos os rios do Pantanal estão afetados com resíduos e isso causa problemas em toda a cadeia produtiva e aumenta o risco de doenças, como câncer, má formação de fetos e problemas neurológicos”, alertou o médico e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso, Wanderley Pignati.

O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e também no mundo, segundo a pesquisadora e toxicologista do INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), órgão do Ministério da Saúde, Márcia Sarpa de Campos Mello. A toxidade pode ser aguda, quando atinge o trabalhador direto do produto com dores de cabeça, náuseas e vômitos ou toxidade crônica, com doenças que afetam os sistemas imunológico, hormonal e central ao longo do tempo, além de órgãos vitais como fígado e rins. “Não existe ingestão de agrotóxico diária aceitável. Não existe limite seguro de exposição. É necessário fim dos subsídios aos venenos e se há proibição fora do país, por que não são proibidos no Brasil?”, questiona.

Ainda segundo o INCA a venda de agrotóxicos no país saltou de US$ 2 bilhões para US$ 8,5 bilhões em 2011. Segundo o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Luiz Cláudio Meirelles, 12 agrotóxicos no Brasil foram banidos, dois estão em processo de revalidação e 15 estão mantidos a venda com restrições. “São registradas em média 14 mil intoxicações no país por ano, mas esse dado é apenas a ponta do iceberg, pois as notificações não chegam a 3% dos casos ocorridos. Além disso, 50% das empresas hoje não estão vinculadas ao sistema de devolução de embalagens. Para onde será que vão as não devolvidas? É muito preocupante”, ressaltou.

Com a alta do dólar aumenta a preocupação com a entrada ilegal de produtos não aprovados no país. “O uso indevido de agrotóxicos 'piratas' pode resultar de três a quatro anos de prisão, quando associado ao crime de contrabando com a compra irregular. A apreensão na fronteira de Mato Grosso do Sul tem rivalizado com a de cigarros e drogas”, destacou o procurador do MPF (Ministério Público Federal), Marco Antônio de Almeida.

Leis - Atualmente o uso de agrotóxicos é regulado em nível federal pela Lei 7802/1989 e em no estadual pela Lei 2.951/2004. Como resultado do seminário os deputados estaduais Pedro Kemp e Amarildo Cruz afirmaram que vão recolher as sugestões dos palestrantes e participantes para formularem novas leis estaduais que restrinjam o uso de agrotóxicos.

O seminário contou com a presença do procurador do trabalho Leontino Ferreira de Lima Júnior que coordena conjuntamente com o procurador do MPF, Marco Antônio de Almeida, a Comissão de Combate aos Impactos de Agrotóxicos em Mato Grosso do Sul.

Fonte: Portal ALMS, com adaptações
Por: Fernanda Kintschner Foto: Wagner Guimarães AL/MS

Tags: agrotóxicos, comissão

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